27 de março de 2009

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Há um subtil mordiscar nos meus lábios quando me olhas. Um desejo que te entrego.

Entende a linguagem que o meu abraço fala.

Sente o ardor que me percorre o corpo.

Não deixes que apenas os meus olhos se contentem. Entende o que dizem. Entende-os!

Entende-me... e sacia-me!

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24 de março de 2009

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Hoje... ocorreu-me falar de amor. Hoje?! (risos) Alguém me disse que não sei dizer outra coisa. Que gasto as palavras de amor de tanto as escrever! (mais risos) Podem explicar-me como se abusa de amor? Não com se abusa do amor... como se abusa de amor?
Não consigo imaginar certas palavras, gastas. Usadas, sim! Exaustas, também! Mas há palavras que nunca sucumbirão pelo uso ou entrarão em desuso. (marota gargalhada) Como os gestos não podem parar. Como o amor não pode deixar de ser explorado. Explorar o amor?!
Realmente há palavras que estragam tudo! (gargalhadas) E disse eu que me ocorreu falar de amor. (desisto... e a ele me entrego de sorriso nos lábios).






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22 de março de 2009



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Humedeci o corpo quando me entreguei no mergulho dos teus braços.
No leito do teu rio de água doce entrei e saí vezes sem conta.
Descansei nas areias brancas que te cercam e te servem de margem.
Nelas me enrolei enquanto relembrei o meu rodopio nas tuas correntes.
Sequei a pele nos grãos de areia que agora me contornam.
Numa pausa de ti sorrio, aguardo que voltes... e, apenas com um dedo, percorras uma qualquer linha curva do meu corpo.
Um dedo que à chegada procura nos meus lábios a saliva.
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18 de março de 2009

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Hoje abri a gaveta dos sonhos. Guardo-os, à esquerda, ao fundo. Poiso-os sobre a madeira de câmbala amarela, antiga, que acolhe os meus mais recentes sonhos. E eles encostam-se uns aos outros, apertam-se entre si. Sabem-se parte de uma só história, a minha. São os do dia, e da noite!

Hoje abri a gaveta dos sonhos. Meti a mão. Encontrei o calor da tua. Que bom! Saudoso toque o teu. Sabes bem que és tu quem vagueia nas histórias que invento. Invento-as para mim. Por mim. Invento-me com a tua presença. Julgas-me?! Pensas que faço bluf... faço-o! Existe nos meus gestos uma metamorfose que faz as minhas mãos bailarem e que, no meu corpo, faz as asas caírem... e ainda assim voo! Voo na direcção que quero e sempre no sentido dos meus mais secretos desejos. Tu... sempre o foste! Nem me importa saber como... a partir de quando... quanto!
Os meus excessos são tão subtis quanto eu. Excedo-me no olhar, no ar que inspiro... suspiro!

Hoje abri a gavetas dos sonhos e senti o teu aroma emanar-se pelo quarto. Abri-a para guardar o desta noite, à esquerda, ao fundo. Mais um pouquinho de mim. Reconstruí-me de todos estes pedacinhos que invento, vivo, guardo. Sonhos que me aquecem o corpo. Sonhos que me fazem bater o coração e apressam a corrida sanguínea. Sonhos que me devolvem a mim.
É verdade que me maquilho. Alongo as pestanas e escureço os olhos. Com um toque de baton esboço um sorriso, aberto, doce. Sim! Faço-o para me embelezar nos sonhos. E faço-o porque é lá que estás.

Hoje abri a gavetas dos sonhos.
Sei que não me entendes... que não sabes do que falo, para quem falo! Sei que não me ouves... porque o que digo, não sendo falso, fica na profunda doçura de uma noite só minha. Sei que não sabes ler-me... porque o que escrevo, não sendo as mais belas palavras, é a mais absoluta divagação do eu. Se falo em cartas, quis dizer flores... se falo no futuro, relembro o passado. Divago... como eu divago!!! Não há quem o faça melhor que eu! E falo muito... sem falar demais! E aprendi a saber ouvir demasiado e a não esquecer nada do que é dito. Repito, palavra por palavra, aquilo que um dia ouvi dos teus lábios. Mas tenho a certeza que não sabes do que falo! Também sei que leio o que não escreves, mas isso faz parte dos meus sonhos!

Hoje abri a gaveta dos sonhos para, uma vez mais, guardar um pedacinho de nós. E, o melhor de tudo isto, é que me parece sempre que nada foi um sonho.


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7 de março de 2009

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Entre o mar. Entre o rio.


Entre o salgado. Entre o salobro.


Entre a inquietação. Entre o espelho.


Entre areal e dunas. Entre margens e afluentes.


Entre mexilhões arrancados à mão. Entre solhas apanhada ao pé.


Entre forte de vigia. Entre ilhas de amores.


Entre veleiros. Entre barcos a remos.


Entre algas. Entre limos.


Entre...

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5 de março de 2009

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Reclamo os teus braços.
As minhas palavras ocultam um pedido. O que não te faço. Vi os teus olhos. Senti novamente as tuas mãos e... perdi-me de novo.
Não compreendo a tua vontade de promessas. As tuas perguntas. As tuas idas e vindas. Já nem sei se quero.
As cores misturam-se nas flores do teu jardim.
As sombras são azuis apenas aos meus olhos.
Repara como consigo transformar as flores de cerejeira em botões azulados sem lhes alterar o perfume.
Se reclamo os teus braços é porque mos ofereceste uma vez mais. Esticaste-os para mim. Se tudo não passa de uma Primavera mal anunciada, podes ir-te. Ficarei à espera que os botões floresçam, que o fruto nasça e amadureça... para me matar a fome de ti.








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2 de março de 2009

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Hoje é o dia segundo de um mês doce. O que anuncia a primavera. Não há ainda cerejas para derretermos na boca um do outro. Para esborracharmos entre os nossos dentes e misturarmos na saliva. Para que o seu sumo pingue dos lábios que tanto se querem. Doce. Com aroma de desejo. Sim, porque o desejo tem cheiro e é vermelho! O desejo queima lentamente como pau de incenso natural. Consome-se deixando lembranças. E o desejo não some... porque o seu aroma fica a flutuar no ar. O meu desejo vai ardendo em fogo lento quando tu não estás, para me queimar logo que me anuncias a chegada. Hoje é o dia segundo de um mês de cinco letras. Como eu, como tu... E o desejo consome-me...
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