4 de maio de 2009

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Tece-me, num manto em que as pétalas serão a teia. A trama será feita pelos finos e verdes ramos do que sou. Mistura os tons de forma harmoniosa, para que o retrato me favoreça. Tece-me com o auxílio do vento que sopra ledo pelas tuas mãos. Não haverá lenhina que dificulte a tua tecelagem. E o pente, que bate e une o meu corpo, será feito com os teus dedos. Vestir-me-ás de mim. Manto. Conha. Epiderme florida e cheirosa. Vagarosamente... vagarosamente vou deslizando em ti. Percorro, com a lentidão que imprimes à tua laçada, os intervalos em que me passas. Gosto. E tu, gostas de forma igual. O sorriso apodera-se das faces. Os gestos deixam de ser pensados... embora pausados. Cresço de ti. Da tua habilidade. E, entre teia e trama, laçadas e emendas invisíveis, vou atapetando o sonho, o céu, as nossas horas... assim, eternamente! Tornei-me trepadeira que completa a pérgula do jardim do paraíso, que será nosso por um dia. Cerúlio momento vibráctil encaixado no branco das nuvens que roçam nossos corpos. Estende os teus braços e alcança os meus. Pedintes. Aconchega-te no meu peito sufocado pelo excesso de ar. Tão perto estamos das estrelas! Tão perto estamos de um Deus. Uma força maior. Na tontura de viajar na caude de um cometa. Descrever uma trajectória elíptica em volta de um rei de luz. Roubemos-lhe um raio! De tantos que solta, não lhe notará a falta. Oferece-nos o calor que seu corpo liberta. Abre-nos as mãos como que a chamar-nos ao fogo da paixão. Falta-nos a água. Virá! Virá do cair invertido das chuvas. Vai refrescar-nos o sangue para que prossigamos um amor. O nosso! No último rebentar de paixão a nossa pele estava rubra. Vulcões expulsando lavas. Espumas ferventes. Foi apaziguadora a presença da água. Um novo alento para um novo momento. Tece-me... Tece-me outra vez...





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