7 de outubro de 2009


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Segura-me com força, como se de mim não quisesses separar-te. Tentarei resistir. Repara no sorriso que trago escondido! Intenso como a vontade que tenho do que finges oferecer-me. Para me manter em rédea curta... como se eu entregasse de mim o que não tenho! Que ridículos os homens e que parvas se fazem as mulheres. Apetece-me rir... dispara uma bala mais para acender outro rastilho. O nosso revólver não chegou a ser descarregado. E a pontaria é sempre certeira... Aponta ao meu pé que em ti se enrosca. Atira-me uma rosa depois do tiro! Vou deliciar-me com o seu inexistente aroma. Hei-de-a desfolhar... pétala a pétala... nelas tentar decifrar os teus óbvios enigmas. Tão óbvios! Como podes julgar-me assim? Não sei se tombe numa qualquer vontade de rir ou se desiluda da leitura que fizeste. Que ridículos os homens e que parvas se fazem as mulheres. Segura-me com força, como se de mim não quisesses separar-te. Vou fazer de conta que acredito! Vou deslizar o meu corpo sobre o teu, até atingir o quase do auge. E vou deixar-te nesse quase... sem o denunciar! Deslizarei o meu corpo silenciosamente em sentido inverso... para que acredites que também em mim tudo é tão perverso!
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21 de julho de 2009

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Vou contar-te (a ti e só a ti) o que ontem me fizeste. Segredar-te o teu dedilhar, o percurso da tua língua... do teu corpo deitado sobre o meu. Vou falar-te dos meus desejos e vontades. Do que mais gostei e que quero repetir. O que faltou e quero experimentar.
E que te fiz?! Fiquei com vontade de percorrer o que da tua pele restou sem a minha saliva pois tenho ainda o teu sabor na minha boca. Respiro do teu hálito. Estou ainda ocupada pelo teu corpo.
Queres que páre? Não te mexas! Páro! Sinto-me corar e, assim, nada mais conseguirei contar...
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3 de julho de 2009

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Não me mintas. Não foi um pedido... nunca foi um pedido! E mentiste...
Não foi a mentira que pesou... foi sabê-la! Segredo que se desvenda, pobre e dorido. Se o tivesses guardado!
Que importa o quase?
Que importa o nunca?
Tanto me custa acrescentar a palavras "mais"... no pedido que não te fiz! É mesmo o que me custa!
Não consigo dizer-te: não me mintas mais.
Não quero... nem posso!
Não me sai do peito um perdão,
não...
Agora... já não!

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7 de junho de 2009

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A mente leva-nos à loucura e ao topo do prazer...

Um jogo. Uma brincadeira impensada. Uma luta onde são os sonhos que explodem e o sangue rebenta no antes, no durante, no depois. Um suar de corpos nos gemidos da dança, das danças. Duas bocas que se dividem pelo sabor dos diferentes beijos. Muitas bocas. Orgias de lábios e línguas, naquelas duas sequiosas bocas. Apenas duas que em tantas se dividem. Um dos teus beijos soube-se a flor de cerejeira. A mente... a loucura... o prazer... a culpa que não sente, não se pensa, não existe... apenas o prazer de um corpo pelo outro e do outro pelo primeiro. Um jogo. O jogo. As palavras que não se debitam, saem como os beijos daquelas duas, apenas duas, bocas. Olhares que se trocam... ora lânguidos, ora raiados de luz, ora rasos de água... sem jogo. Braços que se abraçam, se apertam, se enlaçam... naquele jogo de corpos, sem jogos. Apenas porque, uma noite, a mente nos levou à loucura e ao topo do prazer...

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Infelizmente existem os dias, que apaziguam disfarçadamente a solidão da noite.
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4 de maio de 2009

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Tece-me, num manto em que as pétalas serão a teia. A trama será feita pelos finos e verdes ramos do que sou. Mistura os tons de forma harmoniosa, para que o retrato me favoreça. Tece-me com o auxílio do vento que sopra ledo pelas tuas mãos. Não haverá lenhina que dificulte a tua tecelagem. E o pente, que bate e une o meu corpo, será feito com os teus dedos. Vestir-me-ás de mim. Manto. Conha. Epiderme florida e cheirosa. Vagarosamente... vagarosamente vou deslizando em ti. Percorro, com a lentidão que imprimes à tua laçada, os intervalos em que me passas. Gosto. E tu, gostas de forma igual. O sorriso apodera-se das faces. Os gestos deixam de ser pensados... embora pausados. Cresço de ti. Da tua habilidade. E, entre teia e trama, laçadas e emendas invisíveis, vou atapetando o sonho, o céu, as nossas horas... assim, eternamente! Tornei-me trepadeira que completa a pérgula do jardim do paraíso, que será nosso por um dia. Cerúlio momento vibráctil encaixado no branco das nuvens que roçam nossos corpos. Estende os teus braços e alcança os meus. Pedintes. Aconchega-te no meu peito sufocado pelo excesso de ar. Tão perto estamos das estrelas! Tão perto estamos de um Deus. Uma força maior. Na tontura de viajar na caude de um cometa. Descrever uma trajectória elíptica em volta de um rei de luz. Roubemos-lhe um raio! De tantos que solta, não lhe notará a falta. Oferece-nos o calor que seu corpo liberta. Abre-nos as mãos como que a chamar-nos ao fogo da paixão. Falta-nos a água. Virá! Virá do cair invertido das chuvas. Vai refrescar-nos o sangue para que prossigamos um amor. O nosso! No último rebentar de paixão a nossa pele estava rubra. Vulcões expulsando lavas. Espumas ferventes. Foi apaziguadora a presença da água. Um novo alento para um novo momento. Tece-me... Tece-me outra vez...





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12 de abril de 2009

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Sombras de cor. Retalhos. Pedacinhos de vida. Sonhos que se não perdem pelos tempos. Porque é tão efémero o tempo de coexistência do verde com o rosa nas magnólias? Porque, sendo efémera a vida, nos parece tão longa ou tão curta conforme os momentos? Porque saímos de certa idade? Aquela em que todas as perguntas nos assaltam. Aquela em que as respostas são insuficientes ou não existem mesmo. Porque não temos direito a moldar o tempo? Apenas a pará-lo para sempre... o nosso. Quero ficar! Ficar a ver as magnólias florir. Ver as pétalas cobrirem o chão como um tapete que o tempo vai decompor e aproveitar. E outro virá. Semelhante ao primeiro. Belo. Tão frondoso como o que morreu. No mesmo corpo que quase não chegou a despir-se. Eu não queria ser botão, ou flor, ou pétala... queria ser árvore e permanecer.

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2 de abril de 2009

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Hoje acordei num abraço manso. Daqueles serenados pela noite dentro, no espasmo do corpo e na humidade do leito. Dos que deixam no quarto o aroma dos actos. Os que, atando-se, se desatam de pudores. Sim! São esses os abraços em que pensas. Abraços de pernas e braços. Abraços de laços e nós. Abraços de inspirar e expirar. São todos esses... em que nos atamos até ser madrugada. São todos esses... em que andamos tão (des)atados até voltar a ser noite. Os que trago comigo apertados no peito. Os que me fazem sentir o teu folêgo no meu pescoço... agora, que é dia. E o farão de novo... logo... que será noite!
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